Polaridade em enlaces de fibra óptica dúplex

Você sabe como manter a polaridade em enlaces de fibra óptica dúplex? Como garantir que, ao montar um canal óptico dúplex (enlace mais patch cords de ativação), os equipamentos ativos se comuniquem através de um cabeamento que garanta que cada transmissor seja ligado a um receptor, estabelecendo assim um link up?

A regra geral é sempre fazer um canal óptico crossover, de forma a interligar transmissores com receptores. E para isso existem diversas opções disponíveis e utilizadas pelos instaladores de cabeamento. Vamos explorar as três mais conhecidas:

  • Enlace direto mais patch cords diferentes
  • Enlace com posicionamento simétrico
  • Enlace cruzado com pares invertidos

Cada um tem suas vantagens e desvantagens, e nem todos são normatizados. Vamos entender as diferenças entre esses métodos.

Enlace direto mais patch cords diferentes

Esse método, que parece ser um dos mais utilizados dentre os instaladores, não está dentre os recomendados pelas normas de cabeamento, notadamente a ISO/IEC 14763-2 Implementation and operation of customer premises cabling – Part 2: Planning and installation. Esta norma, aliás, está para ganhar uma versão nacional, uma NBR.

Nele, o enlace é instalado de maneira direta, ou seja, as fibras são conectadas aos adaptadores, em ambas as extremidades do cabo, na mesma sequência, em ordem crescente (1, 2, 3, 4…). Para cabos ópticos nacionais, a sequência se iniciaria com as fibras verde, amarela, branca, azul etc., em ambas extremidades da terminação. Para cabos importados, a sequência de cores mudaria, de acordo com a origem e norma correspondente, mas sempre de acordo com a ordem estabelecida pela norma em questão.

O cruzamento do canal acaba sendo realizado através dos patch cords de ativação, sendo que um deve ser direto e o outro, crossover. Se ambos forem iguais (diretos ou cross), o canal não fica cruzado e os ativos não “sobem”.

A principal desvantagem desse método, além de não ser normatizado, é que são necessários dois tipos de patch cords, com diferentes polaridades, o que pode causar problemas durante a operação. A qualquer momento, alguém não treinado no sistema pode querer usar patch cords iguais e o link acaba ficando fora do ar. Além de ser necessário manter dois itens em estoque.

Enlace com posicionamento simétrico

Este método é o preferido pela norma IEC 14763-2. Nele, os adaptadores são inseridos no patch panel em uma extremidade do cabo com orientação oposta aos adaptadores da outra extremidade do cabo. Em uma extremidade do cabo, os adaptadores são instalados de forma que a posição A do adaptador corresponda às posições ímpares do painel (ordem A-B, A-B), e na outra extremidade do cabo, os adaptadores são instalados na orientação oposta, de forma que a posição B do adaptador corresponda às posições ímpares do painel (ordem B-A, B-A). Já as fibras são conectadas aos adaptadores, em ambas as extremidades do cabo, na mesma sequência, em ordem crescente (1, 2, 3, 4…), assim como no método visto anteriormente. Mas, diferentemente do método anterior, os patch cords são todos iguais, todos crossover.

E onde se dará o cruzamento? Como os adaptadores em ambas extremidades ficam invertidos entre si, de um lado o patch cord é conectado também de forma invertida em relação ao outro lado.

Este método tem a grande vantagem de requerer apenas um tipo de patch cord, não estando sujeito a enganos na hora da ativação, pois os patch cords geralmente só conseguem ser inseridos de uma maneira, por causa das guias dos conectores. Mas, este método não consegue ser aplicado quando são utilizados patch panels que não permitem a inversão de polaridade dos adaptadores. Neste caso, deve-se usar o método seguinte.

Enlace cruzado com pares invertidos

Este método também está presente na norma IEC 14763-2. Nele, adaptadores são instalados no patch panel em uma extremidade do cabo com a mesma orientação dos adaptadores da outra extremidade do cabo. O cruzamento se dará na sequência das fibras. As fibras ópticas são conectadas nos adaptadores na sequência numérica normal em uma extremidade do cabo e com inversões par-a-par na outra extremidade. Para cabos nacionais, ficaria verde-amarela, branca-azul etc. de um lado e amarela-verde, azul-branca etc. do outro lado. Aqui, como no método anterior, todos os patch cords também são iguais.

A vantagem deste método é similar à anterior, teremos apenas um tipo de patch cord. A desvantagem é que na hora de testar (ou ativar) uma única fibra, ela estará em posição diferente, quando comparamos as duas extremidades, o que vai requerer um trabalho de identificação mais preciso fibra a fibra.

Aproveite e entenda um pouco sobre os conectores do tipo MPO, que podem possuir entre 8 e 32 fibras, neste vídeo abaixo:

Se achou este post útil, compartilhe, encaminhe a alguém que também possa achá-lo útil. Não deixe de se inscrever em meu canal do YouTube! Participe de meu grupo do Whatsapp e receba as novidades sobre meus artigos, vídeos e cursos. E curta minha página no Facebook!

Até a próxima!

Marcelo Barboza, RCDD, DCDC, ATS, DCS Design, Assessor CEEDA
Clarity Treinamentos
marcelo@claritytreinamentos.com.br

Sobre o autor
Marcelo Barboza, instrutor da área de cabeamento estruturado desde 2001, formado pelo Mackenzie, possui mais de 30 anos de experiência em TI, membro de comissões de estudos sobre cabeamento estruturado e data center da ABNT, certificado pela BICSI (RCDD, DCDC), Uptime Institute (ATS) e DCPro (Data Center Specialist – Design). Instrutor autorizado para cursos selecionados da DCProfessional, Fluke Networks, Panduit e Clarity Treinamentos. Assessor para o selo de eficiência para data centers – CEEDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.