Conectorização em cabos de par trançado

A “conectorização”, procedimento também conhecido como “terminação” ou “crimpagem”, é o processo de conexão da extremidade um cabo de par trançado a um hardware de conexão. E o hardware de conexão é, por sua vez, um “componente ou combinação de componentes usados para conectar cabos ou elementos do cabo”, conforme a norma NBR 14565, ou seja, é um patch panel, tomada (conector fêmea – jack) ou plugue (conector macho).

Exemplos de hardware de conexão:

Plugue RJ45
Tomada RJ45
Patch Panel RJ45

Em outras palavras, conectorização é o ato de montarmos o cabo UTP (ou cabo blindado) em uma tomada ou plugue RJ45, ou em um patch panel com portas RJ45. Quando não é em conectores do tipo RJ45, é em blocos (ex.: tipo 110) ou em conectores específicos para as categorias 7, 7A ou 8.2 (ex.: Tera e GG-45).

Bloco Tipo 110
Conectores Tera e GG-45

Tecnicamente, o termo correto para o conector RJ45 é “conector modular de oito posições e oito contatos”, ou simplesmente 8P8C. O termo RJ45, onde RJ significa registered jack – tomada registrada, é um tipo de conector padronizado nos EUA para a conexão de redes telefônicas. O conector RJ45 atual (8P8C) para cabeamento estruturado foi baseado nessa tomada padrão.

A conectorização UTP sempre é realizada com algumas ferramentas, como decapadores de cabos, alicates de corte, ferramentas de impacto (punch down), alicates de “crimpe” ou outros tipos de ferramenta para o auxílio na conexão dos fios. As ferramentas exatas devem ser determinadas pelo fabricante do hardware de conexão. Portanto, é sempre necessário obtermos o manual de instalação do produto do fabricante correspondente.

Porém, antes de qualquer conectorização, temos que determinar qual a configuração de terminação (também conhecido como “pinagem”) que usaremos nas tomadas e plugues. A NBR 14565 reconhece duas configurações (T568A e T568B) para as categorias 5e, 6, 6A e 8.1, e mais duas configurações específicas para as categorias 7, 7A e 8.2 (conforme o tipo de conector utilizado, similares ao Tera ou ao GG-45). Qualquer que seja a configuração escolhida, ela deve ser mantida em toda a instalação.

Cometer um erro na manutenção da configuração de terminação em um enlace pode ocasionar erros de transmissão de rede, dependendo do padrão utilizado.

Aproveite e aprenda muito sobre cabeamento estruturado com este livro que aborda o conceito e os subsistemas de cabeamento estruturado, a normalização, os meios de transmissão, os espaços de telecomunicações e redes, as práticas de instalação, certificação e testes do cabeamento instalado:

Veja este vídeo que fiz sobre um caso real de lentidão na rede ocasionado por erro de pinagem:

Também é essencial conhecermos o código de cores utilizado nos cabos de par trançado de quatro pares:

Número do parCorT568AT568B
1Branco e azul
Azul
5
4
5
4
2Branco e laranja
Laranja
3
6
1
2
3Branco e verde
Verde
1
2
3
6
4Branco e marrom
Marrom
7
8
7
8
Código de cores das pinagens T568A e T568B

Se algum equipamento requerer uma conexão “crossover” (ou outra qualquer), deve-se realizar a troca de posição dos condutores nos patch cords, e não no enlace permanente.

Cuidado na escolha do hardware de conexão correto para o tipo de cabo de par trançado utilizado. Além de verificar se a categoria do conector é a mesma do cabo, verificar a necessidade por blindagem e se o conector é próprio para condutores sólidos (presentes nos cabos “permanentes” ou “horizontais”) ou flexíveis (presentes nos patch cords).

A preparação para a conectorização inclui a decapagem do cabo de par trançado. A quantidade de cabo a ser decapado depende das instruções específicas do fabricante da solução de cabeamento, mas deve sempre permitir um comprimento mínimo de exposição dos pares. Pares muito expostos (entre o término da capa e a entrada do conector) permitem que eles se dobrem ou tenham seu trançamento alterado, afetando o desempenho do canal.

Neste vídeo, mostro como decapar um cabo U/UTP Cat.6A:

Especial atenção deve ser dada às soluções blindadas. Cabos blindados devem sempre ser conectorizados a hardware de conexão blindado, e o processo de decapagem de um cabo blindado deve permitir a exposição de sua blindagem de forma a permitir seu correto contato com a blindagem do conector.

Após a inserção dos pares nos locais apropriados para terminação, deve-se destrançá-los o mínimo possível, e nunca mais do que 13 mm (para as categorias 5e e superiores), conforme a NBR 14565. Usualmente, quanto maior a categoria da solução, menor o destrançamento permitido. O ponto correto de inserção dos pares no conector, seu encaminhamento por dentro dele, e a forma correta de seu destrançamento devem ser dados pelo fabricante desse conector.

Exemplo de montagem de uma tomada categoria 6 do fabricante Panduit:

Exemplo de montagem de uma tomada categoria 6 do fabricante CommScope:

A tomada apresentada acima (SYSTIMAX MGS400), da Categoria 6 (branca), pode ser adquirida neste link: https://afl.b2w.io/aQ71

Independentemente do modelo de conector utilizado, a conexão dos condutores do cabo ao hardware de conexão deve seguir a técnica IDC (Conexão por deslocamento do isolante – Insulation Displacement Connection). Nessa técnica, os condutores não devem ser previamente decapados, o que, além de consumir tempo, permite a exposição do cobre à oxidação, causando problemas de contato no futuro. A técnica IDC faz com que os condutores sejam “empurrados” (com o auxílio de alguma ferramenta) por uma ranhura metálica, que cortará o isolamento e fará o contato elétrico, sem deixar o cobre exposto. Cuidado, pois os contatos IDC para condutores sólidos são diferentes daqueles para condutores flexíveis, como já ressaltado. Diagrama de uma conexão IDC:

A ferramenta correta a ser utilizada para a conexão final dos condutores no hardware de conexão também deve ser informada por seu fabricante. Se for uma ferramenta de impacto (punch down), deve-se consultar com o fabricante do conector qual a força de impacto e ponteira corretos para o modelo de conector utilizado. Abaixo, exemplo de uma ferramenta de impacto com ponteira para conexão IDC tipo 110 e, logo em seguida, vídeo sobre essa ferramenta:

O punch down da Fluke (modelo D914S, com garantia lifetime) pode ser adquirido como parte do kit IS50, neste link: https://afl.b2w.io/aQ83

Geralmente, será necessária a instalação de algum acessório para acabamento do hardware de conexão, como uma tampa de proteção, moldura, trava ou ícone de identificação.

Exemplo de montagem de um patch panel categoria 6 do fabricante Nexans:

O patch panel Categoria 5e da Nexans pode ser adquirido aqui: https://afl.b2w.io/aQ7M

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Pratique as técnicas mostradas aqui, ou realize uma instalação de cabeamento em uma residência ou pequeno escritório, adquirindo nos links abaixo os principais materiais de categoria 5e:

Não recomendo a crimpagem do plugue RJ45 (macho) em campo para categorias superiores à 5e, mas se precisar, utilize algum alicate bem avaliado, como este aqui: https://amzn.to/3hybyIC. Prefira comprar os patch cords já montados e testados em fábrica.

Depois de montar o rack, uma boa ideia é organizar os feixes de cabos, usualmente de 12 em 12 ou de 24 em 24. Os feixes podem ser amarrados com abraçadeiras, desde que não esmaguem a capa externa dos cabos. Após instalada, a abraçadeira tem que poder deslizar pelo feixe somente com o uso da mão, sem ferramentas. Se ela não se mover facilmente, estará muito apertada. O uso de fitas tipo “velcro” é bem comum para essa finalidade, como essa aqui: https://amzn.to/2THqKet.

Feixes de cabos com velcros

Após a conectorização dos enlaces de uma instalação, é necessário realizar testes para se ter a certeza de que o processo foi feito corretamente, sem prejuízo no desempenho da rede. Equipamentos específicos são utilizados nessa fase, que podem realizar desde simples testes de continuidade elétrica nos pares até testes completos nos parâmetros de transmissão, podendo emitir relatórios de certificação, com a comparação dos resultados a normas selecionadas. Conheça meu curso sobre certificação de cabeamento e o artigo sobre a interpretação do cabeçalho de um relatório de certificação UTP.

Conheça este equipamento da Fluke que realiza testes de certificação em cabos de par trançado e fibra óptica:

Observar o formato externo de tomadas que serão instaladas em espelhos, mobiliário e caixas de piso. Embora as dimensões internas de uma tomada RJ45 fêmea sejam padronizadas, suas dimensões externas não o são. Consultar o fabricante sobre a compatibilidade de encaixe de sua tomada com demais produtos que serão utilizados como suporte. Muitas vezes será necessária a aquisição de suportes ou adaptadores específicos.

Existe o padrão de facto de tomada do tipo “keystone”, e vários fabricantes possuem tomadas compatíveis com esse padrão externo de encaixe. Outros formatos são proprietários, exigindo suportes fornecidos pelo próprio fabricante da tomada.

E como última orientação, ao instalar tomadas RJ45 em espelhos de parede, deve-se posicioná-las de forma que o patch cord se encaixe com sua trava voltada para baixo.

Exemplo de montagem de um plugue RJ45 categoria 6A do fabricante Panduit:

Exemplo de montagem de uma tomada RJ45 categoria 6A do fabricante Panduit:

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Marcelo Barboza, RCDD, DCDC, ATS, DCS Design, Assessor CEEDA
Clarity Treinamentos
marcelo@claritytreinamentos.com.br

Sobre o autor
Marcelo Barboza, instrutor da área de cabeamento estruturado desde 2001, formado pelo Mackenzie, possui mais de 30 anos de experiência em TI, membro da BICSI e da comissão de estudos sobre cabeamento estruturado da ABNT/COBEI, certificado pela BICSI (RCDD e DCDC), Uptime Institute (ATS) e DCPro (Data Center Specialist – Design). Instrutor autorizado para cursos selecionados da DCProfessional, Fluke Networks, Panduit e Clarity Treinamentos. Assessor para o selo de eficiência para data centers – CEEDA.

A categoria 8 e o Ethernet a 40 Gb/s

As categorias de cabeamento de par trançado são bem conhecidas, desde a categoria 5e até a 6A. Menos conhecidas são as categorias 7 e 7A, inexistentes nas normas norte-americanas (ANSI/TIA) e pouco utilizadas no país. Mas, e quanto à categoria 8 e o Ethernet a 40 Gb/s para par trançado, já tinha ouvido falar?

Pois é, a categoria 8 de componentes de cabeamento de par trançado já foi normatizada há alguns anos, estando presente tanto nas normas internacionais (ISO/IEC) quanto nas norte-americanas (ANSI/TIA). E, a partir de meados de 2019, também em nossa norma nacional ABNT/NBR 14565 (veja abaixo meu vídeo realizado na época da publicação dessa revisão da norma).

Para saber quais as normas de cabeamento estruturado mais relevantes, leia este artigo.

E qual a finalidade da categoria 8? Permitir aplicações Ethernet de velocidades 25 Gb/s e 40 Gb/s em enlaces de par trançado nas instalações de data centers. No entanto, a Cat.8 é a única que prevê um canal de no máximo 30 metros, diferente das outras categorias, que permitem canais de até 100 metros de extensão.

E tem mais: a Cat.8 prevê um canal de somente duas conexões, uma em cada extremidade, no início e no fim do enlace permanente. O enlace permanente deve ter até 24 metros de cabo com condutores sólidos. O canal de 30 metros é obtido com a conexão de patch cords de até 3 metros em cada extremidade.

Canal categoria 8

Um canal de somente 30 metros seria viável em um data center? Sim, pois a ideia do Cat.8 é a de ser uma opção à fibra óptica em conexões de até 40 Gb/s dentro de uma mesma fileira de racks/gabinetes. A maioria das fileiras tem menos que 30 metros. Então a Cat.8 acaba sendo uma opção de solução mais econômica (quando se leva em consideração também o custo dos equipamentos ativos) para links “intra-fileira”, desde que a velocidade não passe de 40 Gb/s.

Fileira de racks em um data center

A frequência máxima de transmissão de sinais sobre a Cat.8 é de 2000 MHz (ou 2 GHz), o dobro da categoria anterior, a Cat.7A, que é de 1000 MHz. Veja a tabela com todas as frequências suportadas pelas diferentes categorias de componentes:

CategoriaFrequência
Máxima (MHz)
Blindagem
5e100Opcional
6250Opcional
6A500Opcional
7 (ISO)600Sim
7A (ISO)1000Sim
8 (TIA) e 8.1 (ISO)2000Sim
8.2 (ISO)2000Sim
Tabela de categorias e respectivas frequências de sinal

Só que existem alguns “detalhes”… A norma ISO/IEC reconhece duas categorias de componentes: 8.1 e 8.2. A norma ANSI/TIA reconhece apenas a categoria 8, equivalente à categoria 8.1 da ISO. E quais as diferenças? Veja essa tabela abaixo:

Categoria dos componentesCateg. TIAClasse ISOComprimento máximo (m )Qtd. máxima de conexões (*)Tipo de conector
5e5eD1004RJ45
66E1004RJ45
6A6AEA1004RJ45
7F1004Tera/GG45
7AFA1004Tera/GG45
8 (TIA) ou 8.1 (ISO)8I302RJ45
8.2 (ISO)II302Tera/GG45
Tabela de categorias de componentes e canais

Na tabela acima, você vê que as categorias 8 da ANSI/TIA e 8.1 da ISO/IEC utilizam conectores modulares de 8 contatos/8 posições (mais conhecidos como RJ-45), enquanto a categoria 8.2 utiliza os mesmos tipos de conectores que já tinham sido definidos para as categorias 7 e 7A (só que para 2000 MHz), sendo que os principais são o Tera (da Siemon) e o GG45 (da Nexans).

Exemplos de conectores Tera e GG-45

Outra diferença está na blindagem. A blindagem utilizada nos cabos Cat.8 e 8.1 geralmente é do tipo F/UTP ou U/FTP, enquanto a utilizada no 8.2 é do tipo S/FTP ou F/FTP (veja mais sobre os padrões de blindagem em meu vídeo abaixo)

Exemplos de cabos blindados

Um canal construído com componentes da categoria 8.1 é chamado de Classe I pela ISO, enquanto aquele construído com componentes categoria 8.2 é chamado de Classe II. A norma ANSI/TIA chama o canal com componentes Cat.8 também de categoria 8.

O padrão de rede Ethernet para 40 Gb/s em par trançado é o 40GBASE-T, enquanto o padrão para 25 Gb/s é o 25GBASE-T, ambos definidos na norma IEEE 802.3bq-2016, e utilizam todos os quatro pares do cabeamento (para saber mais sobre a nomenclatura utilizada para as interfaces Ethernet, veja este meu vídeo abaixo). Nesta página eu relaciono os padrões Ethernet sobre fibra óptica e par trançado e respectivas mídias físicas necessárias.

Todos os principais fabricantes de cabeamento já possuem soluções Cat.8, mas sua utilização ainda é bem restrita.

Eu fiz um vídeo sobre a Cat.8 e o 40GBASE-T. Confira:

Para saber mais sobre as categorias de cabos e os parâmetros de transmissão que os definem, confira meu curso SCE331.

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Canal de cabeamento estruturado no YouTube

A partir deste mês iniciamos a publicação periódica de vídeos curtos tratando de temas variados relacionados ao Cabeamento Estruturado

Este é o endereço do playlist dos vídeos já publicados sobre cabeamento estruturado no canal: Cabeamento Estruturado by Marcelo Barboza

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Outras playlists que você pode gostar:

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Assista já ao primeiro vídeo publicado no canal

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Diferenças entre as formas de diafonia NEXT e FEXT

Diafonias: NEXT e FEXT

Neste artigo, vamos explicar o conceito dos parâmetros de diafonia/crosstalk NEXT e FEXT para cabeamento em par trançado e ressaltar suas diferenças.

O “par trançado” é um dos meios físicos mais utilizados nas instalações de cabeamento estruturado. Popularmente conhecido como “UTP” (embora algumas vezes seja composto por cabos blindados, e UTP se refira apenas aos não blindados), hoje permite a transmissão de dados a velocidades de 10 gigabits por segundo ou mais em enlaces de até 100 metros.

Mas, nem tudo são flores. Se não forem utilizados produtos de boa qualidade, ou se o procedimento de instalação não for corretamente seguido, problemas podem ocorrer. É por isso que, após a instalação, são realizados testes de certificação. São diversos testes, mas neste artigo abordaremos dois deles, o NEXT e o FEXT (para entender estes e outros testes, veja meu vídeo abaixo). Vocês sabe o que são eles? Quais as semelhanças e as diferenças entre eles?

Parâmetros de teste para cabos de par trançado

Diafonia

Ambos são parâmetros que medem a “diafonia” (“crosstalk”, em inglês, abreviado como “XT”), ou seja, a interferência eletromagnética que o sinal trafegado por um par de fios trançados provoca em outro par do cabo. Qual o problema da diafonia? Por que ela é indesejável?

Cada par de um cabo interliga um equipamento transmissor (TX, que está em uma extremidade do cabo) a um equipamento receptor (RX, na outra extremidade do cabo), ambos componentes de equipamentos de comunicações, como uma placa de rede ou porta de switch, por exemplo.

Só que em uma transmissão de rede, pelo menos dois dos pares do cabo são utilizados simultaneamente. Em uma transmissão Ethernet a 1 Gb/s (ou mais), são utilizados os quatro pares do cabo. Ou seja, dois ou mais TX transmitem simultaneamente para seus respectivos RX.

Só que cada RX está interessado apenas no sinal enviado pelo TX correspondente, que está do outro lado do par/cabo. Se o sinal transmitido por um TX, através de um par, “vaza” para outro par, acaba chegando em outro RX, que não era o destinatário original da mensagem. Pior, o RX acaba recebendo pelo menos dois sinais: o desejado, isto é, aquele enviado pelo TX correspondente, mais um, indesejado, enviado por outro TX (que é a diafonia/XT), e acaba somando e, portanto, confundindo ambos! Se a intensidade da diafonia for próxima à do sinal desejado, o RX não conseguirá distinguir dentre ambos e rejeitará o sinal por completo. Se isso ocorrer com frequência, a velocidade da transmissão cairá e, eventualmente, a conexão será interrompida.

Agora que já sabemos o que é diafonia e como ela pode afetar a transmissão, vamos perceber que há dois tipos de medições realizadas de diafonia: NEXT e FEXT.

Introduzindo o NEXT e o FEXT

O NEXT (near-end crosstalk) mede a diafonia que afeta o RX que está localizado na mesma extremidade do cabo (“extremidade próxima” ou “near end”) em relação ao TX que causou essa diafonia. Ou seja, o NEXT mede a interferência que um equipamento transmissor causa no cabo e acaba afetando a habilidade do próprio equipamento de entender sinais provenientes da outra extremidade do cabo.

Já o FEXT (far-end crosstalk) mede a diafonia que afeta o RX que está localizado na extremidade oposta do cabo (“extremidade distante” ou “far end”) em relação ao TX que causou essa diafonia. Ou seja, o FEXT mede a interferência que um equipamento transmissor causa no cabo e acaba afetando a habilidade do equipamento oposto de entender seus sinais.

Em português, o NEXT é chamado de “paradiafonia”, enquanto o FEXT é a “telediafonia”. Ambos medem as consequências do mesmo fenômeno, que é a diafonia.

Testes de NEXT e FEXT

Ambos os testes devem ser realizados bidirecionalmente, ou seja, enviando-se sinal a partir de ambas as extremidades do cabo. Isso ocorre porque o próprio sinal indesejado (resultado da diafonia) sofre atenuação ao longo do cabo até chegar em algum RX. Por exemplo: um dano ao cabo que aumente a diafonia causará um NEXT muito mais elevado quando este for medido a partir da extremidade do cabo que estiver mais próxima a esse dano.

As medições de NEXT e FEXT são reportadas em combinações de dois pares ou somadas para todos os pares do cabo (“powersum”). A unidade de medida utilizada é o decibel (dB), resultado da comparação na intensidade do sinal transmitido com a do sinal indesejado recebido. O FEXT usualmente é reportado apenas após a computação da Perda de Inserção, resultando no ACR-F, mas isso já é um assunto para outro artigo!

Para saber mais sobre os testes realizados em enlaces de par trançado, não perca o curso SCE331.

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Uma introdução ao PoE – Power over Ethernet

Introdução

Há muito tempo o cabo de cobre balanceado, mais conhecido como “cabo de par trançado” ou simplesmente UTP, é utilizado para a transmissão simultânea de informações e energia ao dispositivo remoto. Um exemplo clássico é o velho sistema analógico de telefonia, conhecido na bem-humorada sigla em inglês por POTS (Plain Old Telephone Service, ou ‘velho e simples serviço de telefonia’), onde o aparelho telefônico recebe, junto com os sinais de voz, uma alimentação elétrica em corrente continua proveniente da central, tudo pelo mesmo par de fios de cobre.

Sistemas privados de telefonia analógica (os onipresentes sistemas de PABX) também utilizam essa técnica de energização de aparelhos. Alguns sistemas utilizam até um par adicional do cabo para realizar a alimentação de alguns aparelhos mais “potentes”, como os ramais digitais ou sistemas KS.

Mais recentemente, sistemas de CFTV também começaram a utilizar pares do cabo para alimentar as câmeras através dos cabos de sinal de vídeo. Outros dispositivos utilizados em sistemas de automação também costumam utilizar essa técnica.

Vantagens do PoE

E qual a vantagem de se prover a alimentação elétrica ao dispositivo final remotamente, através do cabo de comunicação? Podemos ressaltar algumas:

  • Evitar a necessidade de tomada elétrica ao lado de cada dispositivo e respectiva distribuição de cabos e sua proteção;
  • Evitar a instalação de fontes de energia individuais em cada dispositivo, o que representaria menor eficiência e mais pontos de falha em relação a ter uma fonte centralizada;
  • Possibilidade de dotar todos os dispositivos com energia de backup (UPS e/ou gerador) de maneira central;
  • A distribuição de energia em corrente contínua a tensões usualmente menores que 50 V é mais segura.

O problema é que historicamente nunca houve uma maneira padronizada de realizar essa alimentação elétrica pelos cabos de dados. Cada fabricante tinha sua própria solução, cada qual utilizando fios, tensões, correntes e proteções únicos, impossibilitando a interoperabilidade.

Com a universalização do protocolo Ethernet (para dados, sons, imagens e controles), tornou-se possível a padronização da alimentação elétrica remota por esse protocolo. Essa técnica de alimentação elétrica através de enlaces de comunicação Ethernet por cabos de par trançado ficou conhecida como PoE – Power over Ethernet. A primeira versão do PoE foi lançada em 2003, sob o padrão IEEE 802.3af. A versão seguinte veio em 2009, com o padrão IEEE 802.3at, ficando conhecido como PoE+ (PoE plus).

Características básicas do PoE

Algumas características básicas desses dois padrões de PoE:

  • Ambos utilizam dois pares do cabo para alimentação em corrente contínua;
  • O equipamento que energiza o cabo (geralmente um switch ou um injetor de potência) é chamado de Power Sourcing Equipment (PSE);
  • O equipamento energizado (telefone, câmera, ponto de acesso Wi-Fi etc.) é chamado de Powered Device (PD);
  • O enlace deve ter 100 m ou menos de cabo de par trançado, com componentes e topologia compatíveis com as normas de cabeamento estruturado (tais como ISO/IEC 11801, ABNT/NBR 14565 e ANSI/TIA-568);
  • O padrão PoE garante até 12,95 W no PD, enquanto o PoE+ garante até 25,50 W no PD;
  • A alimentação elétrica pode seguir em pares distintos dos de dados (Modo B, para injetores PoE ou PoE+ em velocidades de 10 ou 100 Mb/s) ou simultaneamente pelos mesmos pares (Modo A, para switches PoE ou velocidades iguais ou superiores a 1 Gb/s).

As figuras abaixo mostram os dois modos de energização PoE e PoE+, o Modo A (quando o switch já tem o recurso PoE, técnica chamada de “endspan”) e Modo B (quando é utilizado um injetor PoE entre o switch e o PD, técnica chamada de “midspan”):

Esquema de utilização dos pares para energia e dados

Endspan

Midspan

O PoE+ foi um avanço, pois muitos dispositivos que não conseguiam ser alimentados com menos de 13 W passaram a poder utilizar esse recurso, como câmeras motorizadas (PTZ) e telefones VoIP com grandes telas touchscreen. Mas alguns equipamentos ainda ficaram de fora por necessitarem mais energia, como luminárias LED, monitores de TV e estações de trabalho. Para resolver isso, está em fase final de elaboração o padrão IEEE 802.3bt, que utiliza os quatro pares do cabo para alimentação elétrica, simultaneamente aos dados em Ethernet. Esse novo padrão está sendo referenciado como PoE++ (PoE plus plus) ou 4PPoE (four pair PoE).

4PPoE – PoE em quatro pares

O padrão 4PPoE trará duas novas classes de alimentação elétrica:

  • Tipo 3: até 51 watts no PD
  • Tipo 4: até 71 watts no PD
  • Os tipos 1 e 2 são compatíveis com os níveis dos padrões PoE e PoE+, respectivamente

Com esse padrão, será possível dotar quase qualquer equipamento ou dispositivo de comunicação ou automação de um ambiente comercial ou residencial com rede Ethernet de até 10 Gb/s e alimentação elétrica, tudo através de um único cabo de rede, por meio de uma conexão padrão “RJ45”. O 4PPoE possibilitará a instalação de maneira simples, e alimentados unicamente por cabos de par trançado, dos mais diversos equipamentos comuns nos escritórios atuais, para além dos telefones, câmeras e antenas Wi-Fi, tais como:

  • Thin clients
  • Monitores de TV
  • Estações de reserva de salas de reunião
  • Pontos de autoatendimento
  • Luminárias LED inteligentes
  • Leitores de cartão, senha e biometria
  • Alto-falantes
  • Relógios
  • Repetidores internos de sinal de celular
  • Dispositivos DAS – Distributed Antenna System
  • Sensores (iluminação, presença, temperatura, umidade, movimentação, contaminantes etc.)
  • Controladores (controle de acesso, VAV, persianas automatizadas, registros e disjuntores motorizados etc.)
  • Carregadores de celular

Iluminação LED com PoE

Particularmente, as luminárias LED inteligentes (dotadas de sensores e controles) e os dispositivos IoT, tornados possíveis principalmente por causa do PoE, têm o potencial de expandirem enormemente a demanda por cabeamento estruturado nas corporações. Empresas como Cisco já lançaram switches PoE próprios para tais aplicações, aptos a serem instalados por sobre forros, para atenderem às aplicações distribuídas pelo teto. Veja este vídeo sobre o edifício The Edge, de Amsterdam, que utiliza um sistema inteligente de iluminação suportado por PoE.

Até aqui, alguns pontos a ressaltar:

  • O PoE (e suas novas versões) não é um sistema qualquer de energização por cabo de par trançado, mas sim uma técnica específica, padronizada pelo IEEE, para ser utilizada com equipamentos Ethernet em cabeamento estruturado;
  • O protocolo de sinalização do PoE somente injeta potência no cabo se o PSE detectar um PD compatível. Ou seja, você não tomará choque se segurar um cabo UTP decapado cuja outra extremidade esteja conectada a um switch/injetor PoE.

Características dos padrões PoE

A tabela abaixo mostra um resumo das principais características do PoE (lembrando que até a data que este artigo foi escrito, o padrão 4PPoE ainda não havia sido publicado, a previsão era de até o final de 2018):

PadrãoIEEE 802.3af

PoE

IEEE 802.3at

PoE+

IEEE 802.3bd

4PPoE

IEEE 802.3bd

4PPoE

Tipo1234
Pares energizados2244
Faixa de tensão no PSE (Vcc)44 a 5750 a 5750 a 5752 a 57
Corrente máx. por par (mA)350600600960
Potência máx. fornecida pelo PSE (W)15,430,060,0100
Potência mín. fornecida ao PD (W)12,9525,551,071,0

Note que há uma diferença entre a potência fornecida pelo PSE e a garantida ao PD, pois há uma queda de tensão no caminho provocada pelo cabeamento instalado. Para que a queda não seja superior a essa, instalar sempre o cabeamento conforme as normas correspondentes e técnicas recomendadas pelos respectivos fabricantes.

Outros padrões

O PoE padronizado pelo IEEE não é o único padrão existente de alimentação elétrica sobre cabos de par trançados. Há três outros dignos de nota:

  • UPOE (Universal PoE), lançado pela Cisco em 2011, pode fornecer até 60 W sobre cabeamento de par trançado a partir de switches compatíveis, como as séries Catalyst 4500E Series e Catalyst 3850;
  • POH (Power over HDBaseT), suportado pela HDBaseT Alliance, é um padrão baseado no PoE+ que permite o fornecimento de até 100 W em quatro pares sobre comunicações de áudio e vídeo pelo padrão HDBaseT, que utiliza cabos de par trançado (mín. Cat.5e) para trafegar vídeo de alta resolução, Ethernet a 100 Mb/s e sinais de controle entre equipamentos e dispositivos de entretenimento (segundo a última especificação Energy Star, nenhuma TV de até 60 polegadas pode consumir mais do que 100W);
  • PoDL (Power over Data Line), será um padrão semelhante ao PoE, mas para energizar enlaces dos novos protocolos Ethernet sobre cabos de um par trançado, como o 100BASE-T1 e o 1000BASE-T1, trabalhando com tensões de até 60 V e potências de até 50 W no PD.

Existem alguns cuidados que devem ser tomados em projetos para utilização do PoE em larga escala, principalmente quando se tem em mente o 4PPoE. Agrupar os cabos de par trançado em feixes provocará um aumento de sua temperatura, proporcional à quantidade de cabos agrupados, corrente transferida (tipo de PoE) e capacidade de dissipação térmica do cabo e do caminho onde o feixe é instalado. Normas começam a surgir (como a ANSI-TIA-184) com orientações sobre projetos com PoE que limitem o aumento de temperatura para além de um limite, o que poderia afetar a capacidade de tráfego de dados dos cabos devido ao aumento de sua atenuação. De uma forma geral, cabos de par trançado com condutores mais grossos (p.ex. 23 AWG), como os usualmente encontrados em cabos de Categoria 6A, permitem maior capacidade de corrente, em feixes maiores, sem grandes aumentos de temperatura.

Outro cuidado é a utilização de conectores modulares (tomadas e plugues modulares “RJ45”) que suportem a desconexão sob carga. Ao forçar a desconexão, por exemplo de um patch cord, sem antes desligarmos o dispositivo alimentado por PoE, pode haver uma faísca que, em repetidas situações, pode danificar os contatos o que, ao longo do tempo, pode levar a problemas na comunicação de dados. Eles devem, portanto, ser testados pelo menos conforme a norma IEC 60512-99-001.

Conclusão

Para concluir, o PoE é uma tecnologia em franco crescimento, que oferece o potencial de alterar a maneira como os dispositivos são conectados e distribuídos nos edifícios comerciais, tornando as instalações mais simples, padronizadas, ágeis e seguras.

Introdução ao Power over Ethernet

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Marcelo Barboza, RCDD, DCDC, ATS, DCS Design, Assessor CEEDA
Clarity Treinamentos
marcelo@claritytreinamentos.com.br

Sobre o autor
Marcelo Barboza, instrutor da área de cabeamento estruturado desde 2001, formado pelo Mackenzie, possui mais de 30 anos de experiência em TI, membro de comissões de estudos sobre cabeamento estruturado e data center da ABNT, certificado pela BICSI (RCDD, DCDC), Uptime Institute (ATS) e DCPro (Data Center Specialist – Design). Instrutor autorizado para cursos selecionados da DCProfessional, Fluke Networks, Panduit e Clarity Treinamentos. Assessor para o selo de eficiência para data centers – CEEDA.

Norma ANSI/TIA-568.2-D aprovada para publicação

A principal norma de cabeamento estruturado dos EUA, uma das primeiras do mundo a tratar do tema, é a ANSI/TIA-568. Ela é dividida em 5 partes, sendo elas:

  • Parte 0: estabelece as bases para um sistema genérico de cabeamento estruturado
  • Parte 1: cabeamento estruturado para edifícios comerciais
  • Parte 2: especifica os componentes de par trançado balanceado
  • Parte 3: especifica os componentes em fibra óptica
  • Parte 4: especifica os componentes em cabo coaxial

Ao final do artigo, não deixe de conferir meus vídeos sobre as normas nacionais de cabeamento estruturado. E para obter a relação das normas mais relevantes relacionadas ao cabeamento estruturado, leia este artigo.

Periodicamente, a TIA-568 passa por revisões, assim como a maioria das normas, para se atualizar em relação à tecnologia, produtos e melhores práticas adotados. Uma letra ao final indica a revisão. A primeira revisão foi indicada com a letra “A”. A revisão seguinte recebeu a letra “B”, e assim por diante. Assim, o nome ANSI/TIA-568-C.2 indica a revisão “C” (3ª revisão) da parte 2 da referida norma.

Só que a quarta revisão (“D”) mudou a ordem desses dois indicadores, tornando o nome mais coerente com as demais normas. Os indicadores de parte e revisão se inverteram, de forma que a 4ª revisão da 2ª parte passou a se chamar ANSI/TIA-568.2-D. A revisão “D” das demais partes já haviam sido publicadas nesse formato. Agora os nomes são:

  • ANSI/TIA-568.0-D, Generic Telecommunications Cabling for Customer Premises, publicada em 15/dez/2015
  • ANSI/TIA-568.1-D, Commercial Building Telecommunications Cabling Standard, publicada em 9/set/2015
  • ANSI/TIA-568.2-D, Balanced Twisted-Pair Telecommunication Cabling and Components Standard, a ser publicada em breve
  • ANSI/TIA-568.3-D, Optical Fiber Cabling And Components Standard, publicada em 25/out/2016
  • ANSI/TIA-568.4-D, Broadband Coaxial Cabling and Components Standard, publicada em 27/jun/2017

O que mudou na ANSI/TIA-568.2-D em relação à revisão anterior? Em resumo, os principais pontos alterados foram:

  • A adição da configuração MPTL (Modular Plug Terminated Link)
  • Incorporação da Categoria 8 ao corpo da norma
  • O reconhecimento de patch cords com bitola de condutor 28 AWG
  • Considerações ao suporte ao PoE

A adição da configuração MPTL (Modular Plug Terminated Link)

O MPTL é um acréscimo aos outros dois modelos padrões de enlace que já existiam, o canal (CH) e o enlace permanente (PL). Resumidamente, o CH é a configuração que inclui todo o cabeamento horizontal, incluindo todos os patch cords, enquanto o PL é a configuração que inclui apenas a parte “permanente” ou “fixa” do cabeamento, desde a terminação no rack até a terminação na tomada, sem incluir os patch cords.

Esta nova configuração, o MPTL, atende aos anseios de muitos usuários e instaladores, que se sentiam “incomodados” ao instalar uma tomada de telecomunicações, mais um patch cord, para conectar equipamentos fixos, principalmente próximos ao forro, como pontos de acesso wireless (WAP) e câmeras de vigilância (CFTV). Nesta configuração, o cabo horizontal é terminado diretamente com um plugue RJ45 (macho), em campo, que será diretamente conectado ao dispositivo terminal. Os principais fabricantes de cabeamento já estão disponibilizando tais plugues, com garantia de desempenho, para confecção em campo, incluindo versões com desempenho de Categoria 6A e até mesmo Categoria 8. Para ver a montagem de um plugue Cat.6A em campo, confira este vídeo:

A norma também dará provisionamento para a forma como um enlace MPTL deverá ser testado. O desempenho do plugue terminado em campo deverá ser incluso no teste. Isso é diferente dos requisitos de teste de um canal, que exclui o desempenho dos plugues das extremidades. Outra coisa a ser ressaltada é que a norma continua obrigando a utilização de tomadas e patch cords para a conexão de dispositivos de usuário nas áreas de trabalho, como desktops, notebooks, telefones e impressoras. Tais dispositivos podem mudar de lugar com frequência, por isso o requisito de utilizar patch cords em sua conexão.

Incorporação da Categoria 8 ao corpo da norma 

A Categoria 8 de cabeamento de par trançado era parte de um adendo à norma TIA-568-C.2. Agora, fará parte da nova revisão 2-D. Lembramos que essa categoria, testada até 2000 MHz, permite a utilização de Ethernet a 40 Gb/s sobre um canal Cat. 8 de até 30 metros, sendo um enlace permanente de 24 metros, mais dois patch cords de até 3 metros cada. Tal aplicação foi pensada para conexões entre equipamentos localizados na mesma fileira de racks de um data center, e permitirá a configuração MPTL para conexão direta ao servidor.

A nossa norma nacional de cabeamento estruturado, a NBR 14565, agora também reconhece a Categoria 8. Confira neste meu artigo e neste vídeo:

A categoria 8 e os 40 Gb/s

O reconhecimento de patch cords com bitola de condutor 28 AWG

Anteriormente, apenas condutores 22 a 26 AWG eram reconhecidos para utilização em patch cords. Mas em racks de alta densidade, abrigando a terminação de centenas de cabos, isso poderia tornar a organização dos patch cords uma tarefa quase impossível!  Grandes quantidades de patch cords grossos poderiam também causar restrições ao fluxo de ar para a refrigeração de equipamentos ativos, causando seu sobreaquecimento.

Mas patch cords com bitola reduzida, como 28 AWG, apresentam maior atenuação de sinal e maior resistência à corrente elétrica. Por esse motivo, a norma provê recomendações para restringir o tamanho de canais contendo patch cords 28 AWG. Patch cords 28 AWG deverão utilizar 1,95 como fator de correção. Por exemplo, um canal com 10 metros em patch cords 28 AWG poderá ter um máximo de 92,5 m, sendo 82,5 m para o enlace permanente, em vez dos tradicionais 90 m. Com o tempo, melhores práticas deverão ser desenvolvidas e aplicadas com tais patch cords para minimizar possíveis problemas com sua utilização em canais que utilizem PoE, especialmente acima de 30 W, que surgirão com sua nova versão, o four-pair PoE, ou 4PPoE.

Considerações ao suporte ao PoE

Com a chegada do 4PPoE, que permite alimentação de quase 100 W pelo switch, garantindo um mínimo de 71 W no dispositivo remoto, começa a aumentar a preocupação com os projetos e instalações de sistemas em par trançado de forma a evitar anomalias na alimentação elétrica, como quedas excessivas de tensão e aumento exagerado da temperatura no feixe de cabos.

Referências ao boletim técnico ANSI/TSB-184-A, Guidelines for Supporting Power Delivery Over Balanced Twisted-Pair Cabling, são feitas nessa nova revisão, assim como o requisito para um teste particularmente importante para o PoE, que é o desequilíbrio resistivo dentro dos pares e entre os pares do cabo.

Norma nacional de cabeamento para data centers
Última revisão da norma nacional de cabeamento estruturado
Normas nacionais de cabeamento

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Marcelo Barboza, RCDD, DCDC, NTS, ATS, DCS Design, Assessor CEEDA
Clarity Treinamentos
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Sobre o autor
Marcelo Barboza, instrutor da área de cabeamento estruturado desde 2001, formado pelo Mackenzie, possui mais de 30 anos de experiência em TI, membro da BICSI e da comissão de estudos sobre cabeamento estruturado da ABNT/COBEI, certificado pela BICSI (RCDD, DCDC e NTS), Uptime Institute (ATS) e DCPro (Data Center Specialist – Design). Instrutor autorizado para cursos selecionados da DCProfessional, Fluke Networks, Panduit e Clarity Treinamentos. Assessor para o selo de eficiência para data centers – CEEDA.

Análise do Relatório de Certificação de Cabeamento UTP

Neste artigo, vamos falar sobre a aceitação de um relatório de teste de certificação de cabos de par trançado realizado com um DSX-5000 CableAnalyzer da série Versiv, da Fluke Networks. E não vamos falar do relatório inteiro, nem dos aspectos mais técnicos dos parâmetros de desempenho, como NEXT e Return Loss. Vamos nos ater apenas ao cabeçalho do relatório. Para entender melhor o que é e qual a importância da certificação do cabeamento, assista este meu vídeo:

Certificação do cabeamento estruturado

Você sabia que é possível aceitar ou rejeitar um teste apenas analisando o cabeçalho do relatório? Vamos analisar o cabeçalho do teste abaixo e tirar algumas conclusões. Mas, antes de continuar a ler o artigo, dê uma olhada e veja se consegue descobrir algumas “pegadinhas”.

Vemos que o teste foi realizado no enlace identificado como TO-001 no dia 25 de maio de 2018, pouco depois das 10 horas da manhã. Comece sua análise por aí. Esse dia e horário faz sentido para você, é um momento condizente com o andamento dos serviços contratados?

Mais abaixo, a “altura livre” nos mostra o quanto o teste superou (ou não, se for negativo) a norma escolhida como parâmetro para a certificação. No caso, superou a norma da ANSI/TIA em 4,1 dB, o que é bom, compatível com o “PASSA” no canto superior direito.

Mas logo a seguir vemos uma aparente inconsistência: a norma utilizada para o teste foi da TIA, tendo por base a Categoria 5e de componentes, no modelo “Permanent Link”, que testa a parte “permanente” da instalação, ou seja, entre o patch panel do rack e a tomada de telecomunicações da área de trabalho, o que está ok. Só que logo abaixo o cabo foi descrito como sendo “Cat 6”, ou seja, de uma categoria superior ao limite Cat. 5e da norma utilizada. Isto estará certo? Se os demais componentes do enlace também forem da Categoria 6, o correto seria ter escolhido a norma “TIA Cat 6 Perm. Link”.

O teste realizado não conferiu todo o desempenho do cabo instalado. Isso seria justificado se o enlace mistura cabo Cat. 6 com componentes Cat. 5e, como tomadas e patch panels. É assim que está a instalação? Ou o instalador não fez o serviço corretamente e não consegue certificá-lo como Cat. 6 (que é mais exigente) e rebaixou o teste para Cat. 5e, tentando enganar o cliente? A verificar…

Agora, voltando à “altura livre” e ao “PASSA”, vemos que ele se aplica ao teste Categoria 5e, e não a um cabeamento Categoria 6… Será que se refizermos o teste em Cat. 6 ele passa? Apenas lembrando, um enlace Cat. 6 deve ser certificado a até 250 MHz, enquanto o Cat. 5e é testado até somente 100 MHz, bem abaixo da Cat. 6.

Ainda falando sobre o tipo informado de cabo, “Cat 6 U/UTP”: esse cabo não é blindado. Mas, será que o cabeamento instalado é esse mesmo? Se for blindado, sua blindagem deve ser verificada por continuidade. Como foi informado um cabo não blindado, o equipamento não testou a continuidade da blindagem. Verifique o tipo de cabo instalado. Um cabo blindado precisa ter sua blindagem contínua ao longo de todo o enlace de forma a garantir seu desempenho contra interferências eletromagnéticas. E essa continuidade não será verificada se o operador do equipamento não informar corretamente o tipo de cabo.

Agora, uma pegadinha! Vimos que esse teste recebeu um “PASSA”, mas se analisarmos mais abaixo no relatório, na parte de resultados detalhados, vemos que há um teste cujo valor aparece com um asterisco do lado direito: “NEXT (dB)     0,1*”. O que significa isso?

Isso significa que o pior resultado desse teste caiu dentro da margem de precisão do equipamento utilizado! O nome disso é “resultado marginal”. Como o teste passou, isso é um PASSA*. Se tivesse falhado, seria um FALHA*. Isso é grave? Não muito, mas um resultado marginal o torna muito perto do limite estabelecido pela norma utilizada. Se você espera um cabeamento “muito melhor que a norma”, então resultados marginais não são o ideal. Além disso, se você requisitar a garantia estendida do fabricante de cabeamento, pode ser que ele recuse.

Outra coisa: foi informado um cabo genérico, sem especificar fabricante e modelo. Isso garantiria o tipo da blindagem e o NVP declarado, no caso, 70%. Se o NVP não estiver correto, o comprimento medido pelo equipamento não será o real, podendo ser maior ou menor. Se essa informação for importante para você, peça para que o modelo de cabo correto seja informado (com blindagem e NVP corretos), e que os testes sejam refeitos!

O nome do operador informado é “Marcelo”. Será que foi ele quem realizou o teste? Esse campo é editável no software… O ideal é que o teste tenha sido realizado por um técnico certificado “Fluke CCTT – Certified Cabling Test Technician”, garantindo que todos os passos, desde a configuração do teste até a documentação dos resultados tenham sido realizados da melhor maneira possível, de acordo com as recomendações do fabricante do equipamento. Esse certificado tem validade de dois anos. Na dúvida, peça cópia do diploma do técnico que está operando o equipamento.

O software presente no equipamento de testes apresenta o firmware versão 5.3, enquanto a versão atual é 5.5. Isso não é crítico, mas convém estar com o equipamento sempre atualizado, de forma a realizar os testes mais correntes.

Outra informação crítica: a data de calibração dos módulos (28/out/2016) é mais de um ano anterior à data do teste (25/mai/2018). A Fluke recomenda calibração anual dos módulos para que eles continuem com a precisão garantida. É bom pedir que os equipamentos sejam calibrados na autorizada e depois que os testes sejam refeitos!

E temos ainda mais uma inconsistência: os adaptadores de link utilizados (“DSX-CHA004”) são apropriados para testes de “canal”, que incluem os patch cords em ambas as extremidades do enlace. E a norma utilizada foi a de “permanent link”, que não inclui os patch cords, sendo portanto mais exigente. O correto seria ter feito o teste com os adaptadores modelo DSX-PLA004.

Como vimos, em um simples cabeçalho de teste temos diversas informações importantes sobre a certificação. Saber analisar tais informações é crucial para termos a certeza de que nosso cabeamento foi corretamente testado, de acordo com nossa necessidade, com aquilo que contratamos, e com as recomendações de normas e fabricantes.

O tema abordado neste artigo é apenas um dos tópicos que fazem parte dos cursos Fluke CCTT – Certified Cabling Test Technician e SCE331. Confira aqui a data e o local da próxima turma do CCTT.

Conheça um equipamento de certificação que gera relatórios semelhantes àquele analisado neste artigo:

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Marcelo Barboza, RCDD, DCDC, ATS, DCS Design, Assessor CEEDA
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Padrões Ethernet sobre um par

Todos os profissionais da área de infraestrutura de TI conhecem os clássicos padrões de rede Ethernet que utilizam dois ou quatro pares de cabos de par trançado, como por exemplo:

  • 10BASE-T: Ethernet a 10 Mb/s em 2 pares
  • 100BASE-TX: Ethernet a 100 Mb/s em 2 pares
  • 1000BASE-T: Ethernet a 1 Gb/s em 4 pares
  • 10GBASE-T: Ethernet a 10 Gb/s em 4 pares

Nesta página você tem a relação dos padrões Ethernet, não só sobre par trançado, mas também sobre fibra óptica, desde o 10 Mbs/s até os 400 Gb/s.

Mas com o avanço da Internet das coisas (IoT) e da Indústria 4.0, o protocolo Ethernet tem evoluído e se adaptado para atender a dispositivos cada vez mais diversos e inusitados, como sensores ambientais, de presença e luminosidade, máquinas de todos os tamanhos, luminárias, sistemas de som e de alarme, equipamentos audiovisuais e de telemedicina, relógios e muitos outros.

Só que nem todos esses equipamentos precisam das altas velocidades disponibilizadas pelo 10GBASE-T, e nem todos podem ser limitados aos 100 metros tradicionais. Por outro lado, alguns dispositivos geralmente estão bem próximos (como dentro de um automóvel), então porque precisar de um padrão elaborado para 100 metros e suas limitações?

E ainda há o problema do tamanho dos cabos. Com a utilização maciça do Ethernet em edifícios inteligentes, em veículos e em ambientes industriais, o espaço necessário para os caminhos que transportam cabos de quatro pares passa a ser um empecilho.

Com tudo isso em mente, novos padrões Ethernet que utilizam apenas um par trançado estão surgindo. Alguns exemplos:

  • 10BASE-T1, padrão IEEE 802.3cg para 10 Mb/s (aprovado em 2019)
  • 100BASE-T1, padrão IEEE 802.3bw para 100 Mb/s (aprovado em 2015)
  • 1000BASE-T1, padrão IEEE 802.3bp para 1 Gb/s (aprovado em 2016)

O padrão 10BASE-T1 possui duas especificações de camada física, dependendo da distância requerida:

  • 10BASE-T1S: alcance de 15 metros, com capacidade opcional para 25 metros em multidrop
  • 10BASE-T1L: alcance de 1000 metros

Todos trabalham com cabos contendo apenas um par trançado, com bitolas de condutor entre 18 e 24 AWG, frequências de transmissão entre 1 MHz e 1000 MHz, e para distâncias de canal entre 10 m e 1000 m.

Esses padrões são chamados de single-pair Ethernet (SPE), e estão sendo desenvolvidos pelo IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers), com suporte da TIA (Telecommunications Industry Association), ISO (International Organization for Standardization), ODVA (Open DeviceNet Vendors Association) e OPEN (One-Pair Ether-Net), dentre outros. Aliás, é o desenho de um carro dotado de Ethernet sobre um par da aliança OPEN que ilustra este artigo.

Além dos padrões de dados acima expostos, em 2016 o IEEE também publicou o padrão 802.3bu, para alimentação elétrica sobre cabos de um par, chamado de PoDL (Power over Data Lines), similar ao que o PoE (Power over Ethernet) representa para os cabos de quatro pares. O PoDL pode trabalhar com tensões entre 5,5 V e 60 V em corrente contínua, fornecendo potências entre 0,5 W e 50 W, dependendo da bitola dos fios e do comprimento do canal.

As comissões de estudo de cabeamento da ISO e da TIA estão trabalhando para publicar novas normas e boletins técnicos para suplementar as normas existentes de forma a acomodar essas novas necessidades, incluindo aspectos como:

  • Especificações para cabos, conectores, patch cords e enlaces de um par em cobre
  • Requisitos de desempenho e procedimentos de teste
  • Topologia e arquitetura
  • Transições de cabos de quatro pares para cabos de um par, incluindo compartilhamento de capa e utilização de equipamento ativo na transição
  • Conexão direta dos dispositivos nas áreas de serviço

Existem dois conectores aprovados para utilização com SPE, definidos em norma internacional:

  • IEC 63171-1: conector estilo LC para instalações em ambientes comerciais (M1I1C1E1), à esquerda na imagem abaixo
  • IEC 63171-6: conector para instalações em ambientes agressivos e industriais (M2I2C2E2 e M3I3C3E3), à direita na imagem abaixo

Todos esses novos padrões, de cabeamento e de aplicações, voltados a comunicações em canais de um par, facilitarão a adoção do Ethernet como tecnologia padrão para sistemas de comunicação em indústrias, veículos e edifícios inteligentes, em adição à sua já completa hegemonia nas redes corporativas de voz e dados.

Este meu vídeo a seguir traz mais informações sobre o Ethernet sobre um par:

Assista a seguir um bate-papo com o Eng. Luis Domingues, da CommScope, sobre o single-pair Ethernet e conheça o conector desenvolvido pela empresa para essa aplicação.

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1000BASE-T ou -TX? Eis a questão!

Já se enganou ao especificar o padrão Ethernet a 1 Gb/s para par trançado? O correto é 1000BASE-T ou 1000BASE-TX? Na verdade, ambos existem! Mas somente um é comercializado atualmente. Sabe qual dos dois?

Primeiro, o que eles têm em comum? Ambos especificam comunicação Ethernet a 1 Gb/s e ambos foram feitos para rodar em cabos de par trançado de quatro pares e 100 ohms de impedância, de até 100 metros (o vídeo abaixo explica melhor o porquê do limite de 100 metros).

E as semelhanças param por aí.

Enquanto o 1000BASE-T foi especificado pelo padrão IEEE 802.3ab, o 1000BASE-TX foi especificado pelo parão TIA/EIA-854.

O 1000BASE-T roda em cabos de Categoria 5e, utilizando os quatro pares, onde cada par trafega a uma velocidade de 250 Mb/s em full-duplex.

Por outro lado, o 1000BASE-TX precisa de cabos pelo menos Categoria 6 (por causa da largura de banda necessária), também utilizando os quatro pares, mas nesta tecnologia cada par trafega a 500 Mb/s em modo simplex (cada par transmite em um único sentido), embora o padrão de comunicação da interface também seja full-duplex, pois todos os transmissores funcionam ao mesmo tempo.

A ideia do 1000BASE-TX era a de permitir a fabricação de placas e interfaces mais baratas, pois cada par do cabo trafegaria em modo simplex, diferente do 1000BASE-T, que, por utilizar full-duplex a cada par, tornaria as placas mais caras.


Conversor de mídia gigabit TP-Link
Portas: 1 porta Gigabit SFP e 1 porta RJ45 10/100/1000M (Auto MDI / MDIX)
Estende a distância da fibra em até 550 metros para fibra de multimodo e 10 km para fibra de monomodo.


Mas a tecnologia 1000BASE-TX acabou não vingando, ainda mais por necessitar de um tipo de cabo mais caro, o Categoria 6. Resultado: hoje temos somente o 1000BASE-T sendo utilizado, permitindo o Gigabit Ethernet em cabeamento a partir da Categoria 5e. O comitê responsável pelo 1000BASE-TX se tornou inativo há anos… Veja meu vídeo abaixo sobre este mesmo assunto:

Saiba mas sobre os nomes da interfaces Ethernet neste meu vídeo:

Nomes padrões das interfaces Ethernet

O meu curso SCE381 explica as diferenças (e semelhanças!) entre as mais utilizadas interfaces Ethernet, desde os 10 Mb/s até os 100 Gb/s.

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