A História do Ethernet: Como uma Solução de Rede da Década de 70 Moldou o Futuro da Conectividade

A evolução do Ethernet é uma jornada fascinante dentro do mundo da tecnologia de redes. Capacitando computadores a se comunicarem e conectarem em redes locais (LAN) desde sua concepção na década de 1970, o Ethernet transformou-se constantemente para atender às demandas crescentes de velocidade e eficiência. A inovação iniciou com o padrão Ethernet original, possibilitando que dispositivos trocassem informações com base numa estrutura de rede com fio simples, porém eficaz.

Com o passar do tempo, a tecnologia de cabos Ethernet evoluiu significantemente, pavimentando o caminho para o surgimento de padrões como Fast Ethernet e Gigabit Ethernet, que oferecem maiores taxas de transferência de dados. As mudanças não se limitaram apenas à infraestrutura física; adaptações foram concebidas igualmente no âmbito do software e na implementação de novos protocolos. Isso possibilitou que as redes Ethernet se mantivessem resilientes e pertinentes, até mesmo na era das tecnologias de rede experimentais e avançadas.

A relevância do Ethernet, até os dias modernos, tem sido garantida por sua capacidade de se adaptar e integrar com novas formas de tecnologia de rede, como Wi-Fi e a internet das coisas (IoT). A indústria continua a testemunhar desenvolvimentos que empurram as capacidades do Ethernet para além do que era imaginável em seu advento, ressaltando sua importância inabalável no panorama da infraestrutura de redes globais.

Principais Pontos

  • O Ethernet evoluiu para atender à crescente demanda por redes mais rápidas e eficientes.
  • Inovações em hardware e software garantiram a resiliência do padrão Ethernet.
  • O Ethernet continua sendo fundamental na infraestrutura global de redes, adaptando-se a novas tecnologias.

Qual foi o Padrão Ethernet Original?

Antes de avançar para a evolução do Ethernet e os impactos posteriores, é essencial compreender o nascimento e as características que poliram o padrão original dessa tecnologia.

O nascimento da tecnologia Ethernet

Ethernet, uma inovação oriunda do Xerox PARC (Palo Alto Research Center) na década de 1970, foi concebida como uma solução para conectar múltiplos dispositivos em uma mesma rede local. O desenvolvimento inicial pode ser atribuído a Robert Metcalfe e sua equipe, que buscavam uma forma eficiente de interligar computadores e equipamentos de impressão.

Primeiro padrão Ethernet e seu impacto nos protocolos de rede

O primeiro esboço do que viria a ser o padrão Ethernet foi solidificado em 1980, com a parceria entre Xerox, Digital Equipment Corporation e Intel, culminando no documento intitulado “The Ethernet, A Local Area Network. Data Link Layer and Physical Layer Specifications“. Esse evento introduziu ao mundo uma novidade: a capacidade de operar a 10 megabits por segundo (Mbps), um feito considerável para a época. Além disso, instaurou padrões fundamentais para os protocolos de rede, incluindo endereços de 48 bits e um campo EtherType de 16 bits, componentes vitais para o processo de comunicação em uma rede.

A marca registrada no nome Ethernet e a jornada em direção à padronização

A Xerox detinha a marca registrada para o nome Ethernet, mas a tecnologia tomou proporções relevantes que impulsionaram o processo de padronização. O IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) assumiu a liderança neste processo, codificando o Ethernet como um padrão internacional (IEEE 802.3), pavimentando o caminho para que a tecnologia Ethernet se tornasse a espinha dorsal das redes de computadores ao redor do mundo. A padronização foi decisiva para a ampla adoção do Ethernet, permitindo a interoperabilidade entre dispositivos de fabricantes distintos e solidificando sua posição como o método de rede predominante.

Como a Tecnologia de Cabos Ethernet Evoluiu?

Os cabos Ethernet são os alicerces físicos da conectividade em redes e a sua evolução reflete um avanço tecnológico significativo. Com o passar do tempo, tecnologias de cabos Ethernet passaram por grandes transformações para suportar aumento de velocidade e integração de mais serviços.

De Ethernet grosso para fino: A transformação dos cabos Ethernet

Inicialmente, o Ethernet usava um cabo coaxial grosso (10BASE5), robusto e com grandes limitações de flexibilidade e instalação. A transição para os cabos coaxiais mais finos (10BASE2) marcou a primeira grande inovação, permitindo instalações mais fáceis e reduzindo custos. A evolução continuou com a adoção do par trançado (10BASE-T), tornando-se o meio físico mais comum para comunicação Ethernet nos ambientes de rede atuais.

10BASE-2
10BASE-5

O papel do cabo de fibra óptica e do par trançado na evolução do Ethernet

A fibra óptica trouxe a possibilidade de conexões de alta velocidade e longa distância, livre de interferências eletromagnéticas. Por outro lado, o par trançado reforçou a flexibilidade e a facilidade de uso. Padrões como IEEE 802.3 incluíram estas tecnologias para expandir as capacidades de comunicação e conectividade das redes.

Power over Ethernet (PoE): Unindo energia e conectividade de rede

O Power over Ethernet (PoE) é uma inovação importante que permite a transmissão de energia elétrica, juntamente com os dados, pelo mesmo cabo de rede. PoE facilita a instalação de dispositivos como câmeras de segurança e telefones IP, pois não necessitam de uma fonte de alimentação separada. Este avanço simplificou as infraestruturas de rede e expandiu as possibilidades de instalação e distribuição de dispositivos.

O Impacto da Evolução do Ethernet em Redes de Computadores e Redes Locais

Com o advento do gigabit ethernet e fast ethernet, redes de computadores locais testemunharam uma transformação significativa. Essa evolução não apenas acelerou a transferência de dados, como também solidificou a estrutura de conectividade nas redes modernas.

Como Gigabit e Fast Ethernet redefiniram redes locais de computadores

O Gigabit Ethernet e o Fast Ethernet redefiniram o desempenho em redes locais de computadores (LANs) ao aumentar a velocidade da transferência de dados em até dez vezes em comparação com o Ethernet original. Isso significou uma melhora substancial na capacidade das LANs de lidar com volumes elevados de tráfego e transferir dados de maneira eficiente, suportando desta forma um melhor desempenho de aplicações críticas para os negócios.

A expansão das redes de área local (LANs) por meio de tecnologias Ethernet

Com a implementação do protocolo de rede Ethernet, além do TCP e dos protocolos de internet IPv4 e IPv6, as LANs se expandiram para além de ambientes empresariais, chegando aos lares e ao uso cotidiano. A flexibilidade oferecida pelo Ethernet permitiu que ele se adaptasse a uma ampla gama de estruturas de rede e se tornasse um elemento-chave na interconexão de dispositivos.

De Ethernet experimental a convencional: Como o Ethernet se tornou a espinha dorsal das redes de área local

Desde suas versões experimentais até o status atual como padrão de facto, o Ethernet se estabeleceu como a espinha dorsal das tecnologias de LAN. Com o suporte constante dos padrões IEEE 802.3™, ele se converteu no método mais confiável e amplamente utilizado para conectar computadores a uma rede, habilitando um diálogo coerente entre diferentes dispositivos e plataformas de hardware.

Como os Switches de Ethernet e as Tecnologias de Rede se Adaptaram?

Com a constante evolução da tecnologia de rede, os switches de Ethernet tiveram que se adaptar para atender às demandas crescentes de rapidez e eficiência. Eles se tornaram peças-chave em modernas topologias de rede, permitindo a comunicação e o intercâmbio de dados entre dispositivos com sofisticação e precisão.

A revolução do design e funcionalidade dos switches Ethernet

Os switches de Ethernet expandiram significativamente suas funcionalidades, migrando de simples hubs que propagavam dados para todos os dispositivos da rede para sistemas inteligentes capazes de direcionar esse tráfego de maneira eficaz. Implementações conforme padrões do IEEE possibilitaram a autonegociação e o ajuste do desempenho. Com isso, eliminou-se a necessidade de intervenção manual para configurar velocidade e modo de operação, aprimorando a interoperabilidade entre diferentes dispositivos de rede.

Integração do Ethernet em tecnologias de rede modernas

Os switches de Ethernet se tornaram um componente central em tecnologias modernas de rede, capazes de se integrar a routers e bridges em arquiteturas complexas. Eles operam colaborativamente para gerenciar o tráfego de rede, aplicar políticas de segurança e permitir a comunicação entre diferentes segmentos da rede. Essa integração proporcionou um avanço fundamental na gestão e operação das redes modernas, garantindo consistência e confiabilidade.

Full-duplex Ethernet: Atingindo taxas de transferência de dados mais altas e eficiência

O modo full-duplex foi um salto importante no design das redes Ethernet, permitindo que os dispositivos transmitam e recebam dados simultaneamente. Isso resultou em uma utilização mais eficaz da largura de banda e uma melhoria drástica na taxa de transferência de dados. Com o aperfeiçoamento do full-duplex, os switches podem agora proporcionar canais de comunicação mais fluidos e sem colisões, otimizando a eficiência das redes empresariais modernas.

O Futuro do Ethernet: de Fast Ethernet a Gigabit e além

Padrões Ethernet emergentes e a busca por transferências de dados mais rápidas

Os padrões Ethernet têm evoluído rapidamente no cenário tecnológico para atender à demanda por transferências de dados de alta velocidade. Adaptando-se à nova era digital, os padrões emergentes como o 2.5 e 5G BASE-T buscam otimizar a eficiência de redes atuais sem a necessidade de cabeamento totalmente novo, proporcionando uma solução viável para empresas que necessitam de uma infraestrutura de rede atualizada e eficiente.

Taxas de transferência de dados Ethernet: O que o futuro reserva

A taxa de transferência de dados é um elemento crítico para sistemas Ethernet, e com o passar do tempo, tem-se observado um aumento substancial na mesma. Projeta-se que padrões futuros, como o Ethernet de 10G, 40G e além, impulsionarão as redes não só em termos de velocidade, mas também em confiabilidade e segurança. Isso se alinha perfeitamente com a integração do 5G, que promete revolucionar a comunicação móvel e fixa.

Novas tecnologias Ethernet e suas implicações em redes futuras

O Ethernet tem a responsabilidade de se manter relevante no contexto de comunicações confiáveis com a crescente adoção de conexões sem fio e móveis. Tecnologias Ethernet inovadoras, com maior capacidade de escalabilidade, estão sendo projetadas para facilitar uma transição suave para as demandas futuras da Internet das Coisas (IoT), assim como para apoiar a crescente onda de dispositivos conectados que exigem uma infraestrutura de rede sólida e confiável.

Ethernet na Era de Tecnologias de Rede Experimentais e Novas

A Ethernet tem sido um fator chave ao longo da história das redes, ajustando-se e evoluindo para sustentar as inovações tecnológicas que continuaram a transformar a comunicação de dados em distâncias vastas e em aplicações como a Internet das Coisas (IoT).

O papel do Ethernet no desenvolvimento de novos protocolos e arquiteturas de rede

O Ethernet, desde a sua criação, serviu como uma fundação para o desenvolvimento de novos protocolos de rede. Sua flexibilidade e adaptabilidade têm possibilitado a expansão de arquiteturas de rede e a integração com novas tecnologias, garantindo compatibilidade e interoperabilidade. À medida em que a World Wide Web se expandia, a demanda por uma infraestrutura de rede mais robusta e eficiente crescia, e o Ethernet continuava a evoluir para cumprir esses requisitos.

Como o Ethernet tem sido constantemente reinventado para atender às necessidades modernas

A necessidade de velocidades mais altas e latência mais baixas levou a constantes atualizações nos padrões Ethernet. As tecnologias de hardware evoluíram, desde o uso de cabos coaxiais até os atuais sistemas de fibra óptica, suportando assim a transmissão de dados em escalas antes inimagináveis. As implementações de Ethernet têm acompanhado o ritmo do avanço tecnológico, como é evidenciado pelo suporte crescente ao Internet of Things, que exige uma rede confiável e de baixa latência.

Olhando para frente: A evolução contínua do Ethernet e sua influência em tecnologias de rede futuras

Olhando para o futuro, o Ethernet está posicionado para continuar a impulsionar inovações em tecnologias de rede. Novos padrões que estão atualmente em fase experimental prometem expandir ainda mais a capacidade, eficiência e alcance da Ethernet. À medida em que mais dispositivos se conectam à internet e a demanda por conectividade de internet de alta velocidade e baixa latência cresce, o Ethernet será fundamental para fornecer a espinha dorsal necessária para suportar esse crescimento contínuo e a evolução da rede mundial.

Perguntas Frequentes

Nesta seção, exploramos as questões mais comuns relacionadas à evolução do Ethernet, abordando desde sua origem até seu papel nas tecnologias de rede atuais.

Como o Ethernet evoluiu ao longo do tempo?

O Ethernet surgiu no início da década de 1970 no Xerox PARC e, com o passar do tempo, passou por várias atualizações e aprimoramentos. As mudanças incluíram notáveis aumentos na velocidade e capacidade, bem como na introdução de novas tecnologias, como Power over Ethernet.

Quais são as principais diferenças entre as gerações do Ethernet?

As principais diferenças entre as gerações do Ethernet podem ser vistas nas taxas de transferência de dados, desde 10 Mbps do Ethernet original até mais de 100 Gbps em versões recentes. Além disso, variações no método de sinalização e no meio físico, com a introdução de fibras ópticas e cabos de par trançado mais avançados, marcam o progresso entre as gerações.

Qual foi a primeira versão do protocolo Ethernet e sua importância?

A primeira versão do protocolo Ethernet foi criada pela Xerox PARC na década de 1970, marcando um avanço significativo ao facilitar a comunicação entre diferentes dispositivos em uma mesma rede local. Sua importância se deve ao estabelecimento de um padrão para redes locais que se tornaria fundamental para o desenvolvimento da computação em rede.

Como o Ethernet se compara com outras tecnologias de rede, como a internet?

O Ethernet é uma das tecnologias fundamentais para redes locais (LAN), enquanto a internet é uma rede de alcance global. A tecnologia Ethernet permite a comunicação eficaz e a transferência de dados dentro de redes confinadas, sendo complementar à internet que liga redes separadas geograficamente em todo o mundo.

Quais avanços no protocolo Ethernet foram essenciais para as redes modernas?

Avanços como o aumento exponencial das velocidades de transmissão, a introdução do protocolo spanning tree e o suporte para diferentes meios de transmissão formam a espinha dorsal das redes modernas. A adaptabilidade e a escalabilidade do Ethernet permitem que ele continue sendo uma peça-chave na infraestrutura de rede atual.

Qual é a relevância do cabo Cat 5e na história do Ethernet?

O cabo Categoria 5e (Cat 5e) é emblemático por fornecer desempenho aprimorado em comparação com seu antecessor, o Cat 5, suportando velocidades de até 1 Gbps. Ele é uma das opções de cabos mais utilizadas em novas instalações de rede Ethernet devido ao seu custo-benefício e confiabilidade.

Uma introdução ao PoE – Power over Ethernet

Introdução

Há muito tempo o cabo de cobre balanceado, mais conhecido como “cabo de par trançado” ou simplesmente UTP, é utilizado para a transmissão simultânea de informações e energia ao dispositivo remoto. Um exemplo clássico é o velho sistema analógico de telefonia, conhecido na bem-humorada sigla em inglês por POTS (Plain Old Telephone Service, ou ‘velho e simples serviço de telefonia’), onde o aparelho telefônico recebe, junto com os sinais de voz, uma alimentação elétrica em corrente continua proveniente da central, tudo pelo mesmo par de fios de cobre.

Sistemas privados de telefonia analógica (os onipresentes sistemas de PABX) também utilizam essa técnica de energização de aparelhos. Alguns sistemas utilizam até um par adicional do cabo para realizar a alimentação de alguns aparelhos mais “potentes”, como os ramais digitais ou sistemas KS.

Mais recentemente, sistemas de CFTV também começaram a utilizar pares do cabo para alimentar as câmeras através dos cabos de sinal de vídeo. Outros dispositivos utilizados em sistemas de automação também costumam utilizar essa técnica.

Vantagens do PoE

E qual a vantagem de se prover a alimentação elétrica ao dispositivo final remotamente, através do cabo de comunicação? Podemos ressaltar algumas:

  • Evitar a necessidade de tomada elétrica ao lado de cada dispositivo e respectiva distribuição de cabos e sua proteção;
  • Evitar a instalação de fontes de energia individuais em cada dispositivo, o que representaria menor eficiência e mais pontos de falha em relação a ter uma fonte centralizada;
  • Possibilidade de dotar todos os dispositivos com energia de backup (UPS e/ou gerador) de maneira central;
  • A distribuição de energia em corrente contínua a tensões usualmente menores que 50 V é mais segura.

O problema é que historicamente nunca houve uma maneira padronizada de realizar essa alimentação elétrica pelos cabos de dados. Cada fabricante tinha sua própria solução, cada qual utilizando fios, tensões, correntes e proteções únicos, impossibilitando a interoperabilidade.

Com a universalização do protocolo Ethernet (para dados, sons, imagens e controles), tornou-se possível a padronização da alimentação elétrica remota por esse protocolo. Essa técnica de alimentação elétrica através de enlaces de comunicação Ethernet por cabos de par trançado ficou conhecida como PoE – Power over Ethernet. A primeira versão do PoE foi lançada em 2003, sob o padrão IEEE 802.3af. A versão seguinte veio em 2009, com o padrão IEEE 802.3at, ficando conhecido como PoE+ (PoE plus).

Características básicas do PoE

Algumas características básicas desses dois padrões de PoE:

  • Ambos utilizam dois pares do cabo para alimentação em corrente contínua;
  • O equipamento que energiza o cabo (geralmente um switch ou um injetor de potência) é chamado de Power Sourcing Equipment (PSE);
  • O equipamento energizado (telefone, câmera, ponto de acesso Wi-Fi etc.) é chamado de Powered Device (PD);
  • O enlace deve ter 100 m ou menos de cabo de par trançado, com componentes e topologia compatíveis com as normas de cabeamento estruturado (tais como ISO/IEC 11801, ABNT/NBR 14565 e ANSI/TIA-568);
  • O padrão PoE garante até 12,95 W no PD, enquanto o PoE+ garante até 25,50 W no PD;
  • A alimentação elétrica pode seguir em pares distintos dos de dados (Modo B, para injetores PoE ou PoE+ em velocidades de 10 ou 100 Mb/s) ou simultaneamente pelos mesmos pares (Modo A, para switches PoE ou velocidades iguais ou superiores a 1 Gb/s).

As figuras abaixo mostram os dois modos de energização PoE e PoE+, o Modo A (quando o switch já tem o recurso PoE, técnica chamada de “endspan”) e Modo B (quando é utilizado um injetor PoE entre o switch e o PD, técnica chamada de “midspan”):

Esquema de utilização dos pares para energia e dados

Endspan

Midspan

O PoE+ foi um avanço, pois muitos dispositivos que não conseguiam ser alimentados com menos de 13 W passaram a poder utilizar esse recurso, como câmeras motorizadas (PTZ) e telefones VoIP com grandes telas touchscreen. Mas alguns equipamentos ainda ficaram de fora por necessitarem mais energia, como luminárias LED, monitores de TV e estações de trabalho. Para resolver isso, está em fase final de elaboração o padrão IEEE 802.3bt, que utiliza os quatro pares do cabo para alimentação elétrica, simultaneamente aos dados em Ethernet. Esse novo padrão está sendo referenciado como PoE++ (PoE plus plus) ou 4PPoE (four pair PoE).

4PPoE – PoE em quatro pares

O padrão 4PPoE trará duas novas classes de alimentação elétrica:

  • Tipo 3: até 51 watts no PD
  • Tipo 4: até 71 watts no PD
  • Os tipos 1 e 2 são compatíveis com os níveis dos padrões PoE e PoE+, respectivamente

Com esse padrão, será possível dotar quase qualquer equipamento ou dispositivo de comunicação ou automação de um ambiente comercial ou residencial com rede Ethernet de até 10 Gb/s e alimentação elétrica, tudo através de um único cabo de rede, por meio de uma conexão padrão “RJ45”. O 4PPoE possibilitará a instalação de maneira simples, e alimentados unicamente por cabos de par trançado, dos mais diversos equipamentos comuns nos escritórios atuais, para além dos telefones, câmeras e antenas Wi-Fi, tais como:

  • Thin clients
  • Monitores de TV
  • Estações de reserva de salas de reunião
  • Pontos de autoatendimento
  • Luminárias LED inteligentes
  • Leitores de cartão, senha e biometria
  • Alto-falantes
  • Relógios
  • Repetidores internos de sinal de celular
  • Dispositivos DAS – Distributed Antenna System
  • Sensores (iluminação, presença, temperatura, umidade, movimentação, contaminantes etc.)
  • Controladores (controle de acesso, VAV, persianas automatizadas, registros e disjuntores motorizados etc.)
  • Carregadores de celular

Iluminação LED com PoE

Particularmente, as luminárias LED inteligentes (dotadas de sensores e controles) e os dispositivos IoT, tornados possíveis principalmente por causa do PoE, têm o potencial de expandirem enormemente a demanda por cabeamento estruturado nas corporações. Empresas como Cisco já lançaram switches PoE próprios para tais aplicações, aptos a serem instalados por sobre forros, para atenderem às aplicações distribuídas pelo teto. Veja este vídeo sobre o edifício The Edge, de Amsterdam, que utiliza um sistema inteligente de iluminação suportado por PoE.

Até aqui, alguns pontos a ressaltar:

  • O PoE (e suas novas versões) não é um sistema qualquer de energização por cabo de par trançado, mas sim uma técnica específica, padronizada pelo IEEE, para ser utilizada com equipamentos Ethernet em cabeamento estruturado;
  • O protocolo de sinalização do PoE somente injeta potência no cabo se o PSE detectar um PD compatível. Ou seja, você não tomará choque se segurar um cabo UTP decapado cuja outra extremidade esteja conectada a um switch/injetor PoE.

Características dos padrões PoE

A tabela abaixo mostra um resumo das principais características do PoE (lembrando que até a data que este artigo foi escrito, o padrão 4PPoE ainda não havia sido publicado, a previsão era de até o final de 2018):

PadrãoIEEE 802.3af

PoE

IEEE 802.3at

PoE+

IEEE 802.3bd

4PPoE

IEEE 802.3bd

4PPoE

Tipo1234
Pares energizados2244
Faixa de tensão no PSE (Vcc)44 a 5750 a 5750 a 5752 a 57
Corrente máx. por par (mA)350600600960
Potência máx. fornecida pelo PSE (W)15,430,060,0100
Potência mín. fornecida ao PD (W)12,9525,551,071,0

Note que há uma diferença entre a potência fornecida pelo PSE e a garantida ao PD, pois há uma queda de tensão no caminho provocada pelo cabeamento instalado. Para que a queda não seja superior a essa, instalar sempre o cabeamento conforme as normas correspondentes e técnicas recomendadas pelos respectivos fabricantes.

Outros padrões

O PoE padronizado pelo IEEE não é o único padrão existente de alimentação elétrica sobre cabos de par trançados. Há três outros dignos de nota:

  • UPOE (Universal PoE), lançado pela Cisco em 2011, pode fornecer até 60 W sobre cabeamento de par trançado a partir de switches compatíveis, como as séries Catalyst 4500E Series e Catalyst 3850;
  • POH (Power over HDBaseT), suportado pela HDBaseT Alliance, é um padrão baseado no PoE+ que permite o fornecimento de até 100 W em quatro pares sobre comunicações de áudio e vídeo pelo padrão HDBaseT, que utiliza cabos de par trançado (mín. Cat.5e) para trafegar vídeo de alta resolução, Ethernet a 100 Mb/s e sinais de controle entre equipamentos e dispositivos de entretenimento (segundo a última especificação Energy Star, nenhuma TV de até 60 polegadas pode consumir mais do que 100W);
  • PoDL (Power over Data Line), será um padrão semelhante ao PoE, mas para energizar enlaces dos novos protocolos Ethernet sobre cabos de um par trançado, como o 100BASE-T1 e o 1000BASE-T1, trabalhando com tensões de até 60 V e potências de até 50 W no PD.

Existem alguns cuidados que devem ser tomados em projetos para utilização do PoE em larga escala, principalmente quando se tem em mente o 4PPoE. Agrupar os cabos de par trançado em feixes provocará um aumento de sua temperatura, proporcional à quantidade de cabos agrupados, corrente transferida (tipo de PoE) e capacidade de dissipação térmica do cabo e do caminho onde o feixe é instalado. Normas começam a surgir (como a ANSI-TIA-184) com orientações sobre projetos com PoE que limitem o aumento de temperatura para além de um limite, o que poderia afetar a capacidade de tráfego de dados dos cabos devido ao aumento de sua atenuação. De uma forma geral, cabos de par trançado com condutores mais grossos (p.ex. 23 AWG), como os usualmente encontrados em cabos de Categoria 6A, permitem maior capacidade de corrente, em feixes maiores, sem grandes aumentos de temperatura.

Outro cuidado é a utilização de conectores modulares (tomadas e plugues modulares “RJ45”) que suportem a desconexão sob carga. Ao forçar a desconexão, por exemplo de um patch cord, sem antes desligarmos o dispositivo alimentado por PoE, pode haver uma faísca que, em repetidas situações, pode danificar os contatos o que, ao longo do tempo, pode levar a problemas na comunicação de dados. Eles devem, portanto, ser testados pelo menos conforme a norma IEC 60512-99-001.

Conclusão

Para concluir, o PoE é uma tecnologia em franco crescimento, que oferece o potencial de alterar a maneira como os dispositivos são conectados e distribuídos nos edifícios comerciais, tornando as instalações mais simples, padronizadas, ágeis e seguras.

Introdução ao Power over Ethernet

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Até a próxima!

Marcelo Barboza, RCDD, DCDC, ATS, DCS Design, Assessor CEEDA
Clarity Treinamentos
marcelo@claritytreinamentos.com.br

Sobre o autor
Marcelo Barboza, instrutor da área de cabeamento estruturado desde 2001, formado pelo Mackenzie, possui mais de 30 anos de experiência em TI, membro de comissões de estudos sobre cabeamento estruturado e data center da ABNT, certificado pela BICSI (RCDD, DCDC), Uptime Institute (ATS) e DCPro (Data Center Specialist – Design). Instrutor autorizado para cursos selecionados da DCProfessional, Fluke Networks, Panduit e Clarity Treinamentos. Assessor para o selo de eficiência para data centers – CEEDA.